Ninguém gostou menos do que eu de ver o rival festejar na Luz. Continuo a acordar durante a noite e a levantar-me de manhã na esperança de que não tenha passado de um pesadelo, mais um em que o Mal vence o Bem. Mas, apesar de saber que me arriscava a viver semelhante experiência, fui ao nosso estádio no domingo. Passei o jogo todo irritado. Aliás, é assim que costumo viver os jogos com aquele clube. Não é nervoso, é irritado pelo simples facto de eles estarem ali. Vociferei contra o árbitro, chamei-lhe tudo o que é desagradável e mandei-o para todo o lado. Fiz o mesmo com jogadores e adeptos adversários. Mas, pelo menos, não fiquei em casa. Sim, porque não aceito a justificação daqueles que não quiseram gastar um pouco do que têm por não pretenderem "ver a festa daqueles gajos". A primeira forma de o evitar era estarem ao lado da equipa, apoiando-a, incentivando-a, ajudando-a a chegar à vitória.
É evidente que as coisas estão mais nas mãos dos jogadores do que nas dos adeptos. Por milhares que fôssemos, pouco poderíamos fazer contra o 'frango' do Roberto, por exemplo. Mas deveríamos ter enchido o estádio de vermelho (excepto aquele sector que necessita de desinfecção). É a diferença entre o Eu e o Nós. Entre o que ficou em casa e aquele que, mesmo perante a perspectiva de ver felizes aqueles que despreza, preferiu estar com a equipa. Porque, acreditem, também os jogadores e treinadores queriam ganhar o jogo. E de certeza que lhes custou ver o rival fazer a festa.
Falharam, pois, muitos associados do Benfica. Até poderiam ter saído mais cedo. Era legítimo, mas teriam marcado presença. Eu preferi ficar até ao fim e despedir-me da equipa com aplausos e gritos de "Benfica! Benfica! Benfica!". Tal como preferi ir ontem perto da hora de almoço comprar bilhetes para a final da Taça da liga. Eu e mais duas pessoas (!!!) que adquiriam ingressos para o Benfica-PSV e para a meia-final da Taça de Portugal. Pois é, não havia lá mais ninguém e parece-me que a assistência do jogo de quinta-feira, decisivo para tentarmos voltar a uma final europeia mais de 20 anos depois, será decepcionante. Não compreendo. Não é isto o Benfiquismo...
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