A (boa) venda do Di Maria

Ponto prévio: Penso que as pessoas não se lembram que o objectivo do LFV seria vender o Di Maria pelo maior montante que conseguisse e não a gestão das expectativas dos adeptos do Benfica.

Em Outubro do ano passado, num post relativo ao Benfica Stars Fund, tracei 3 cenários da venda do Di Maria de forma a tentar explicar o funcionamento do fundo no caso da existência de uma proposta por um jogador.
Cenário 1
O Benfica é campeão nacional;
O Di Maria é titular indiscutível;
O Di Maria é convocado para o mundial e utilizado regularmente.
Venda de 25 milhões de euros.
O Benfica recebe 17,5 M€, Fundo 5 M€, Gestifute 2,5 M€.
Teremos ainda que subtrair 15% ao valor das vendas devido à participação do Benfica no Benfica Stars Fund.
No acerto de contas, o Benfica recebeu, pelo Di Maria, 17,5 + 4,4 (BSF) + 1 (Gestifute) + 0,09 (Mais-valia part. BSF) =22,99M€
Se não existisse o fundo, o Benfica receberia 23,5 M€ (25+1-2.5).
Ou seja, por existir o fundo, “deixámos” de ganhar 510 mil€.
Se isto fosse um empréstimo bancário, em 10 meses, teríamos pago 11,5% de juros sem contar com despesas que diminuiriam, certamente, o valor líquido e, consequentemente, esta taxa hipotética. É preciso não esquecer que o adiantamento destes 4,4m€ permitiram-nos uma situação melhor ao nível da tesouraria e permitiram-nos reforçar a equipa em Janeiro. Se os reforços foram bons, isso já é outra conversa mas o Kardec até deu jeito em Marselha e na taça da Liga e o Eder Luiz marcou o 1º golo em Matosinhos…
Depois, temos a parte variável da venda com contornos que ainda não foram tornados públicos. O que se diz é que são 5M€ após a inscrição do Di Maria, o que me parece garantido, e 6M€ distribuídos pelo alcance de outros objectivos do Real Madrid, entre os quais a conquista da Liga e da Liga dos Campeões.
Consideremos somente os 5 M€ (que os considero garantidos se realmente for esta a condição. Falta saber se este valor também é repartido pelos restantes detentores do passe, vou assumir que sim):
Venda de 30 milhões de euros.
O Benfica recebe 21 M€, Fundo 6 M€, Gestifute 3 M€.
Teremos ainda que subtrair 15% ao valor das vendas devido à participação do Benfica no Benfica Stars Fund. No acerto de contas, o Benfica receberá, pelo Di Maria, 21 + 4,4 (BSF) + 1 (Gestifute) + 0,24 (Mais-valia part. BSF) =26,64M€
Se não existisse o fundo, o Benfica receberia 28 M€ (30+1-3).
Ou seja, por existir o fundo, “deixámos” de ganhar 1,36 M€. A tal taxa de juro hipotética será de cerca de 30% (um pouco menor se deduzirmos despesas). Aqui já parece muito excessiva mas imaginemos que o Di Maria não teria sido vendido este ano, que o seu valor não teria subido em flecha… como seria? E não nos esqueçamos que o passe do Di Maria é a cenoura para as sobrevalorizações dos passes de vários dos jogadores que foram incluídos no fundo…

Esclarecido o que o Benfica receberá, olhemos para o mercado e para o jogador.
A (quase) unanimidade em torno do grande jogador Di Maria só surgiu em Janeiro ou Fevereiro. Sei disso porque o adorei desde o início e tive incontáveis discussões sobre a sua utilidade no Benfica. Diziam-me que era individualista, que decidia mal, que não passava e não rematava bem.
A sua convocação para o mundial, a meu ver, mais que justa, partiu de uma teimosia do Maradona. O mundial que tem feito, embora jogando, tem sido à sombra de jogadores como o Messi, Higuaín ou Tevez. Por outras palavras, tem estado apagado o que não ajuda à sua valorização. E não ajuda porque a base é fraca.
A base é fraca porque é jogador do Benfica, o maior clube do mundo para nós, mas apenas um nome mítico para os estrangeiros. Um nome mítico que marcou muitos golos num campeonato considerado fraco, não esteve na Liga dos Campeões e levou 4-1 de um dos mais fracos “Liverpuis” dos últimos anos numa prova menor como a Liga Europa. É assim que eles nos vêem. Acrescente-se que, na hora de desdenhar, lembram-se do Simão e do Quaresma, os dois casos mais recentes de grandes estrelas em Portugal que pouco ou nada acrescentaram aos clubes que muito investiram neles.
De seguida, lembremo-nos das grandes vendas do futebol português na época passada:
Lisandro López– 24M€
Lucho González – 18M€
Qualquer deles, tetra-campeões nacionais, boas exibições na Champions em três anos consecutivos e internacionais argentinos.
Mas olhemos também para o mercado internacional nesta época (relembro o prestígio que a liga portuguesa tem em relação à espanhola, francesa, inglesa, italiana ou alemã…):
David Villa – Um dos melhores marcadores do campeonato espanhol dos últimos 6 anos. Titular da selecção – Para o Barcelona por 40M€
David Silva, internacional espanhol, titular indiscutível do Valência – Para o Man. City por 35M€
O Real Madrid, esta semana, ofereceu, de acordo com a imprensa, 31M€ pelo Gerrard e 31M€ pelo Ashley Cole.

Maiores transferências de sempre:
1 - Ronaldo - 93.5M€
2 - Zidane - 75.0M€
3 - Kaká - 65.1M€
4 - Ibrahimovic - 60.7M€
5 - Figo - 58.5M€
6 - Crespo- 53.6M€
7 - Buffon - 49.2M€
8 - Robinho - 49.0M€
9 - Vieri - 48.3M€
10 - Shevchenko - 46.4M€
11 - Nedvěd - 46.3M€
12 - Berbatov- 45.3M€

Maiores transferências de sempre de clubes portugueses:
1 - Anderson - 2007 - porto - Man Utd -31.5M€
2 – Di Maria – 2010 – Benfica – Real Madrid – 30M€ (+6?)
3 - Pepe - 2007 – porto - Real Madrid - 30M€
3 - Ricardo Carvalho - 2004 - porto - Chelsea - 30M€
4 - Nani - 2007 - sportem - Man Utd - 25.5M€
6 - Quaresma - 2008 - porto - Inter- 24.6M€ (Sem esquecer que veio o Pelé por 9,5M€ na troca…)
7 - Lisandro López – 2009 – porto – Lyon – 24M€
8 - Deco - 2004 - porto - Barcelona - 21M€
9 - Bosingwa - 2008 - porto - Chelsea - 20.5M€
10 - Paulo Ferreira - 2004 - porto - Chelsea - 20M€

Terá sido a venda assim tão má?

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