A nova presidência da Liga...

Estive quase para não escrever sobre a eleição do Fernando Gomes para a presidência da Liga porque tencionava seguir a conduta actual da direcção do Benfica – O que interessa é o futebol dentro de campo. Mas não é a primeira vez que o vou fazer. Em Março último, após a nossa vitória na Taça da Liga, referi que a implosão do polvo estava em marcha e só lhes restaria a última cartada que seria a presidência da Liga. Enganei-me pois ainda tentaram roubar-nos o Jorge Jesus.
Mas recuando um pouco, na altura, foi evidente que a demissão do Fernando Gomes da administração da SAD portista e o suposto distanciamento visava uma de duas coisas: A improvável alternativa ao pinto da costa no porto ou a mais que provável reassignação das suas tarefas.
E foi isso que aconteceu. Genial presidente! Fernando Gomes demitiu-se, distanciou-se ligeiramente de pinto da costa, deixou no ar uma ou outra crítica implícita mas ininteligível apenas para gerar alguma confusão e eis que, num alegado espírito de missão em prol do futebol português, surgiu com a sua candidatura à presidência da Liga. Decorridas que estão as eleições, num notável exercício de show-off da sua alegada independência, é eleito com38 votos a favor e três abstenções: A do Carregado que muito duvido que tencione voltar, alguma vez, à Liga, e a do porto e braga, dois clubes que pretendem mostrar que, não sendo contra, também não reconhecem um grande mérito na lista encabeçada pelo ex-administrador da SAD portista.
Convém referir que o Fernando Gomes não é apenas um profissional da coisa como o Domingos Soares Oliveira. O Fernando Gomes começou no basket e tornou-se uma espécie de delfim do pinto da costa. Foi subindo na hierarquia portista até que se tornou, até onde tal for possível, na pessoa que mandava em tudo tendo, somente, o próprio pinto da costa a mandar nele. E onde se nota mais a sua importância na estrutura portista é que era a ele que, de acordo com as escutas do apito dourado, se recorria em situações dramáticas como, por exemplo, arranjar bilhetes a prostitutas para um jogo da Champions.
Mas o que me levou a voltar a escrever sobre este assunto foram as declarações do inútil do Laurentino Dias. Não por me terem surpreendido pois, como já se viu relativamente às claques que insiste em empurrar a responsabilidade dos actos das mesmas aos clubes, e não à justiça, quer tudo menos que lhe possam imputar alguma polémica.
Assim, refugia-se em palavras de sentido oco, fazendo loas a uma pretensa esperança na transformação do futebol português. Para Laurentino Dias, o Fernando Gomes “acrescenta ao futebol nacional capacidade, eficácia e seriedade” e acrescenta que “é um excelente gestor, muito respeitado quer a nível nacional quer a nível internacional» e «firme e rigoroso, com ideias sustentadas e fortes».
Dissequemos um pouco estas declarações. Será que, para Laurentino Dias, a anterior direcção da Liga não tinha capacidade, eficácia ou seriedade? Do meu ponto de vista, até tem razão. Recorrendo novamente às escutas do apito dourado, a ligeireza com que o Fernando Gomes sugeriu uma forma de escamotear a devolução do dinheiro que o António Araújo viria a despender pelos bilhetes para as prostitutas – através de uma qualquer factura de restaurante – denota um à vontade enorme na forma como se deturpa as entradas e saídas de dinheiro da SAD portista. Aí, a liga deveria, no mínimo, se fosse capaz, eficaz e séria, de ter requerido uma auditoria às contas. “É um excelente gestor”, lá está, a contabilidade criativa novamente, “muito respeitado quer a nível nacional quer a nível internacional”, o António Araújo até tem um sotaque açucarado, “firme e rigoroso, com ideias sustentadas e fortes”, o que me quer fazer parecer que anos e anos de fidelidade ao pinto da costa não se esvanecem assim de repente.
O problema é que, no porto, não se anda a dormir. Se as escutas do apito dourado não serviram para a condenação de quem quer que fosse nos tribunais, talvez tenham servido para que os adeptos do futebol escrutinem, mais atentamente, os sinais visíveis do que se vai passando nos bastidores. E então, assumindo que o poder de acção daquilo que era a verdadeira “estrutura” do porto, está diminuído, torna-se vital que, onde for possível, se mine os pontos fortes do seu único adversário: o Benfica.
E é aqui, mais do que na arbitragem ou na disciplina, que importa estar atento às futuras iniciativas da Liga de Clubes. Olhando para as contas das SADs, facilmente se percebe que o porto tem vivido à custa de enormes receitas da liga dos campeões e de vendas de jogadores por valores exorbitantes. Se, desportivamente, o Benfica conseguir inverter, definitivamente, esta realidade, e a tal adicionarmos a próxima alienação dos direitos de transmissão televisiva, cujo potencial , agora que temos capacidade financeira, é imensamente superior aos dos nossos adversários, facilmente se perceberá a discrepância na capacidade de investimento.
E está lá, é no 2º ponto da lista de prioridades do Fernando Gomes para a Liga: “2. Potenciar as receitas comerciais e televisivas dos clubes, por via directa ou indirecta. Nesta área há muito para desenvolver na promoção do produto futebol”. Trocando por miúdos, negociação colectiva… Além da receita de bilheteira no jogo com o Benfica, componham-se os orçamentos com a audiência dos jogos maioritariamente formada por benfiquistas. Além disso, não me surpreenderia que, no 7º ponto, onde se pretende “permitir o acesso à profissão a um maior número de jogadores nacionais”, esteja incluída a implementação de um tecto salarial ou, fazendo uso das relações privilegiadas com a maioria dos clubes, se imponha um limite de jogadores estrangeiros…
Na informática, os vírus andam sempre à frente dos antivírus e das firewalls…

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