10 razões para 10 pontos de atraso

1. Arbitragens. Não é por acaso que começo por esta. Entre outros, jogos como Benfica-Académica, V.Guimarães-Benfica, Naval-FC Porto ou Rio Ave-FC Porto originaram que o Benfica se deslocasse ao Porto com demasiados pontos de atraso e foram decisivos na afirmação de uma equipa que parecia titubeante uma semana antes do primeiro jogo oficial e no declínio daquela que parecia vir com pujança semelhante à de 2009/2010.

2. Supertaça. É verdade que o jogo não contou para o campeonato, mas a derrota foi importante no aspecto anímico. O Benfica não o encarou convenientemente. Organizou a Eusébio Cup 4 dias antes (depois de um fim-de-semana com dois jogos) e achou que o facto de ser campeão nacional poderia ser suficiente para chegar ao êxito. Afinal, só ia defrontar o vencedor da Taça de Portugal e havia que respeitar hierarquias. Saiu tudo ao contrário e acabou por ser um episódio decisivo para que os portistas começassem a confiar no seu jovem treinador e na equipa que perdera o campeonato na época anterior.

3. Eleições na Liga. O apoio do Benfica a Fernando Gomes continua a ser um mistério. Manteve-se o presidente da Comissão de Arbitragem, afastou-se o Conselho de Disciplina que tanto incomodara os batoteiros e foi eleito para presidente deste organismo um portista que havia acabado de encenar um desentendimento com o vigarista-mor. Parece óbvio que esta eleição potenciou o fenómeno apontado no ponto 1.

4. Falta de espírito ganhador. Tive a felicidade de acompanhar de perto a equipa de basquetebol que, nos anos 80 e 90, dominou o basquetebol nacional. Lembro-me de que, na hora de festejar os títulos nacionais, o treinador Mário Palma parecia um homem preocupado. Uma vez, perguntei-lhe o que se passava: já estava a pensar na época seguinte e como suplantar um adversário que se apresentava cada vez mais forte. É assim o espírito ganhador. Aquele campeonato já estava conquistado, mas havia que preparar o êxito seguinte. Neste Benfica, toda a gente parece estar ainda a pensar no título de campeão nacional de 2009/2010, apesar de estarmos a jogar a nova temporada há vários meses. O 'speaker' do Estádio da Luz insiste no grito de "campeões, campeões, nós somos campeões". Somos, sim senhor, mas infelizmente caminhamos para deixar de ser. É difícil chegar ao topo, mas é mais complicado permanecer aí. No Benfica, parece que ninguém percebeu as repercussões que poderia ter a conquista de dois ou três campeonatos seguidos

5. Passo maior do que a perna. Começar a falar de Liga dos Campeões depois de ganhar o primeiro campeonato em 5 anos é desajustado. Parece que ninguém aprendeu com o que aconteceu em 2005/2006. Tínhamos acabado de ser campeões e o treinador de então quis brilhar na Europa. Foi bom para a sua carreira profissional, mas ao Benfica apenas trouxe a efémera (embora inesquecível) glória dos sucessos diante de Manchester United e Liverpool. Perdemos as mais importantes provas nacionais desse ano e a boa carreira europeia não teve sequência. Este ano, treinador e presidente resolveram também falar em conquista da Europa. Cedo de mais. A revalidação do título era (é) de longe a missão mais importante.

6. Perda do desequilibrador. É verdade que o papel de Ramires era fundamental, mas, com a saída de Di Maria, o Benfica perdeu o seu único desequilibrador, aquele que, mesmo que as coisas não estivessem a correr bem, poderia decidir um jogo a nosso favor. Neste momento, no futebol português, só há um jogador com essas características. Chama-se Hulk (ou Givanildo) e joga no FC Porto.

7. Dificuldade de afirmação dos reforços. Não é um dado novo, nem sequer exclusivo do Benfica. Basta ver que, no FC Porto, a única aquisição que joga com regularidade é João Moutinho. Na nossa equipa, Roberto teve os problemas que todos conhecemos, Jara tem sido um suplente triste, Gaitán faz lembrar o Di Maria dos primeiros tempos: grande capacidade, mas péssimas decisões na maioria das vezes. Não caiamos, no entanto, na tentação de concluir que são todos maus. Tenhamos alguma paciência e deixemo-los evoluir. Como aconteceu com o actual 22 do Real Madrid.

8. Baixa forma de peças fundamentais. O problema apontado no n.º 7 foi potenciado pela baixa de forma de algumas das peças fundamentais de 2009/2010: Saviola, Cardozo, David Luiz, Maxi Pereira, Javi Garcia e, até, Pablo Aimar. Se pensarmos em jogadores que se têm destacado com regularidade neste início de temporada, só conseguimos apontar 3 nomes: Fábio Coentrão, Luisão e Carlos Martins. É pouco para manter o nível do ano passado.

9. Valor do adversário. Independentemente do que ficou escrito no ponto 1, é evidente que o FC Porto deste ano está mais forte. Mas isso só pode surpreender quem estava desatento. Não nes esqueçamos de que os portistas terminaram a temporada passada com uma série de vitórias. E ganharam-nos na penúltima jornada do campeonato de 2009/2010, mesmo passando perto de meio jogo com menos um jogador. Ao contrário do que acontece no Benfica, rapidamente se encontra uma dezena de portistas que têm estado em grande forma. Não podemos ignorar este facto.

10. Erros de Jesus. O nosso treinador não se caracteriza por ser particularmente perspicaz quando é necessário virar um resultado. Por isso, quando sofremos o primeiro golo do jogo, raramente ganhamos. No entanto, costuma ser certeiro na construção da equipa. Daí que nos lembremos dos jogos em que as suas inovações deram barraca. No Porto, o pior que poderia acontecer era dar uma mensagem de medo ao adversário. Foi isso que Jesus fez. Com os resultados que conhecemos e que muitos de nós previmos assim que vimos o 'onze' que entrou em campo. Mas, pior do que isso, como muita gente tem apontado, este não parece o Jesus da temporada passada.

PS - Poderá haver ainda outras razões, como as apontadas no 'blog' Ndrangheta: distanciamento entre treinador e alguns jogadores, problemas no pagamento e na definição de prémios, vaidade do presidente, subalternização de Rui Costa, etc. Mas dessas, não vivendo de perto o que se passa com a equipa, não posso falar, por desconhecimento.

No comments:

Post a Comment

RGB Argentina, Australia, Brazil, Belgium, Denmark, Canada, Czech Republic, Cyprus, Chile, Colombia, Germany, New Zealand, Mexico, India, Malaysia, Philippines, Thailand, Singapore, Vietnam, Spain, France, Italy, Netherlands, Peru, Portugal, Sweden, Viet Nam, South Africa, Saudi Arabia, Greece.United Kingdom, United States

Search This Blog

Blog Archive