Torres

Lembro-me, tinha os meus 11 anos, dos seus primeiros jogos pelas reservas do Benfica, no Campo Grande, onde marcava golos às pazadas. Na altura, chamavam-lhe o Canada Dry, pois a sua aparência física, muito alto e magro, fazia lembrar a garrafa do refrigerante com esse nome. Recordo as grandes discussões com os sportinguistas, que diziam que ele não jogava nada, opinião que vieram a engolir com língua de palmo.
Tinha a sua entrada na equipa principal tapada pelo extraordinário José Águas, um dos maiores jogadores da história do SLB, e teve de esperar pela época 62/63 para se tornar avançado centro titular. Foi o treinador Fernando Riera quem lhe deu a titularidade, decisão que levantou grande polémica e que hoje encheria páginas e páginas na internet, pois tirar o capitão da equipa bicampeã europeia, foi considerado por muita gente, na altura, um autêntico crime. Tem de se levar em linha de conta que José Águas, apesar da veterania, era ainda um grande jogador e, em termos técnicos, muito superior. Levou o seu tempo até as pessoas se convencerem que Torres representava o futuro e a decisão de Riera provava que via mais além.
Começou aí, em 62/63, a história da mais extraordinária dupla de pontas de lança de sempre do futebol português e uma das maiores do mundo. A conjugação Eusébio/Torres, com o apoio de outros grandes jogadores, como é óbvio, foi responsável por inúmeros títulos e por dezenas e dezenas de golos.
Pessoalmente, marcaram a minha adolescência pois, na altura, mais ainda do que hoje, não perdia um jogo do Benfica e assisti ao vivo às suas enormes proezas.

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